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A mostrar mensagens de março, 2016

A cidade dos corvos

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A chuva insiste em cair, enchendo as ruas de água. As nuvens negras cobrem o sol, tornando a cidade ainda mais cinzenta do que já é. O vento faz as janelas bater, madeira em madeira, com os restos de vidros a partirem e cair, mergulhando nas poças que cobrem os passeios. A cidade está vazia, apenas povoada por mim e pelos corvos. Penas negras, olhos vermelhos. Enquanto ando eles olham para mim, cada um com dois pequenos rubis por cima do bico que conseguem olhar diretamente para a minha alma. Alguns, algumas vezes piam, não para me fazer companhia, mas para me relembrar que esta cidade é deles. Eu sou apenas um intruso nesta floresta de cimento e tijolos. Deambulo pelas ruas sem destino, a espera de encontrar qualquer coisa que me diga que estou no caminho certo. A única vantagem de não ter para onde ir é que nunca me posso perder, pelo menos não realmente. Vagueio pelas artérias da cidade e pergunto-me se não estou a andar em círculos, pois sem pessoas para lhe dar vida, cada